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A Microsoft quer mudar o jeito que jogamos e começará dominando sua casa.

  • Henrique Perche
  • 21 de jun. de 2016
  • 5 min de leitura

Em sua conferência deste ano da E3, que aconteceu no dia 13 de Junho, a Microsoft largou uma bomba-relógio no colo da comunidade e da indústria gamer. Sem muitos rodeios, a empresa criadora da linha Xbox, anunciou o Project Scorpio. Um novo console muito poderoso que será lançado no final de 2017 e promete rodar jogos a 4K e 60fps, além da possibilidade de rodar os já lançados jogos de Xbox 360 e Xbox One, e ser compatível com os periféricos do último console lançado.

O projeto foi anunciado em torno de muitas dúvidas e desconfianças, para muitas pessoas ligadas a indústria, como alguns Youtubers famosos e personalidades marcantes do mundo dos games, este seria um péssimo negócio, pois tornaria os consoles obsoletos em pouquíssimos anos. O próprio Cliff Bleszinski, conhecido mundialmente por ser o criador de Gears of War, e adorado por fãs da Microsoft, atacou duramente esta conduta e chegou até a comparar com o fracasso do Sega 32x e Mega CD.

Mas afinal, quais são os planos da Microsoft para o seu console?

A Microsoft quer ir além, e nesse caso a pergunta correta seria: quais são os planos da Microsoft para a SUA CASA?

UM EM TUDO

Uma família de produtos, uma plataforma, uma loja.

A Microsoft divulgou esta imagem no anúncio do Windows 10 para o público, deixando claro que o conceito daqui pra frente abordado pela empresa é unificar todos os seus hardwares via software. A ideia geral é fazer com que um único aplicativo ou jogo rode em tudo. Dessa forma, os desenvolvedores criariam um jogo que poderia rodar em smartphones, Hololens, PCs, tablets e consoles. Esse é a famosa "Plataforma Universal do Windows"ou simplesmente "UWP". Você como consumidor final terá a oportunidade de comprar um jogo ou aplicativo uma única vez na Windows Store e poderá rodá-lo em todas plataformas citadas.

Todavia, o maior problema hoje do lado da Microsoft é que a Windows Store é definitivamente uma loja abaixo da média principalmente se compararmos com outras do mesmo gênero, por sua lentidão, pouca objetividade e praticidade. Até poucos anos atrás a loja estava abandonada, somente agora começaram a limpar a casa.

Nesse moroso processo, o tempo e os desenvolvedores jogam contra a Microsoft.

Seria muito complexo, demoraria anos ou ate décadas para essa transição acontecer sem nenhum problema, e ai sim a biblioteca da Windows Store passar a ter algum conteúdo competitivo com outras plataformas, mas nesse meio tempo a concorrência, tais como a Steam, por exemplo, também teriam dados os seus passos, e como a Microsoft reagiria nessa situação? É ai que entra o Project Centennial.

PROJECT CENTENNIAL

Este ambicioso projeto foi apresentado na BUILD 2016, evento voltado a desenvolvedores.

Em suma, o projeto idealiza uma excelente ferramenta que visa “converter” programas tradicionais do desktop para a Windows Store, ou como dito anteriormente, arquivos “UWP”.

Essa ferramenta passará a funcionar só a partir da atualização Anniversary, que será para comemorar um ano de lançamento do Windows 10, e a partir daí veremos um bom número de jogos e aplicativos encontrados em outras plataformas, sendo disponibilizada na Windows Store, pois fazer essa “conversão” será supostamente mais simples com a ferramenta. Resumindo: sem a atualização Anniversary o Projeto Centennial não funcionará. e é aqui que a mágica começa com a atualização chegando para smartphones, PCs, tablets e Xbox One!

Com a Windows Store chegando provavelmente no próximo mês, como uma loja unificada será possível rodar UWP no Xbox One, e isso incluí os jogos que estão neste formado, tais como Gears of War 4 e Forza Horizon 3. Neste caso, o Xbox não rodará mais jogos criados para o console, mas sim para o Windows 10. É unificado. Se existisse um celular que atendesse essas especificações e que rodasse Windows 10, certamente seria possível jogar Gears of War 4 na fila do banco. Genial não?!

Uma família de produtos, uma plataforma, uma loja e UMA compra.

ENTÃO O XBOX VIROU UM PC?

Sim. E os PCs viraram consoles para a Microsoft.

Essa é o grande objetivo da unificação.

Nesse momento fica fácil entender o 'crossplay' e 'crossbuy'. É o mesmo jogo que rodará no PC e no Xbox One. É por isso que você pagará apenas uma vez por ele.

No Windows 10 agora será assim, um jogo criado para smartphone com base na UWP terá crossbuy e se disponível crossplay.

PROJECT SCORPIO

Como todos sabem, quando a Microsoft passou do Xbox 360 para o Xbox One, a empresa iniciou uma batalha para fazer com que os usuários trocassem do console mais antigo para o novo, e isso claro que gerou gastos.

O início da geração foi um pesadelo, e ai fica a pergunta: não seria muito melhor ela ter ficado com os mais de 80 milhões de usuários do 360 para sempre?

A resposta é tão clara quanto a manobra que ela fez introduzindo a “retrocompatibilidade” no Xbox One.

Com o Project Scorpio e os próximos consoles, a Microsoft manteria sua conta com apps e jogos pra sempre e você não perderia seus jogos antigos quando tiver os console atuais!

Não é incrível?

É, mas isso já não existe? Sim...

MICROSOFT, O PODER DO MARKETING

Vamos entender o que a Microsoft está fazendo.

Para exemplificar o ponto, suponhamos que comprei Forza Horizon 3 na Windows Store do meu Xbox One. Esse mesmo jogo eu poderei jogar no meu PC e no meu Surface, caso as especificações técnicas de hardware estejam dentro do padrão.

Parece legal? Sim, e é.

Porém a Microsoft só está fazendo o que hoje Apple, Google, PSN e até mesmo a própria Live já fazem há anos. Se você tem uma conta em qualquer desses serviços e comprou um aplicativo digital esse app rodará em todos hardwares daquela empresa que sejam compatíveis com o software. Se eu comprar hoje Angry Birds na Apple Store, ele rodará no meu iPhone 5, iPhone 5S, iPhone SE, iPad, Mac Book e qualquer outro produto Apple compatível com ele. Com apenas uma compra. Parece familiar não?

A Microsoft está se usando do Marketing para colocar flores e perfumes em algo que já existe e vender como algo inovador. E é aí que mora o perigo. Nesse momento a equipe está focada tentando uma manobra arriscada.

OS CONTRAPONTOS

Como todo grande projeto, a empresa encontrará pedras e montanhas pelo caminho.

O primeiro desafio é trazer os desenvolvedores para seu lado. Unificando a Windows Store e movendo todos seus apps e jogos para o formato UWP, um efeito colateral poderá acontecer: os desenvolvedores terão que dividir seus lucros com a Microsoft, além de limitarem o seu produto criando uma versão apenas que estará sob controle da Microsoft, isso poderá gerar uma revolta por parte de algumas equipes, e consequentemente uma dor e cabeça para a criadora do Windows.

O segundo efeito é que, pelo menos ao que parece, a gigante americana está a ponto de matar as gerações de consoles como conhecemos hoje lançando um console num tempo muito menos do que o programado, indo contra o tempo de desenvolvimento dos jogos atuais que não é menor que três anos e consequentemente pode também perder o apoio de muitos desenvolvedores.

Em tese, essa extinção de gerações só seria possível caso a Microsoft lançasse um console modular que fosse capaz de ter suas peças e componentes substituídas e dessa forma se tornasse um PC de fácil uso e dessa maneira extinguir a criação de novos consoles, porém isso já existe hoje, e a máquina se chama PC e que diga-se de passagem tem suas políticas muito mais livres que um console.

Caso esse console modular não seja o objetivo, a partir do momento que um novo produto é lançado e jogos passam a ser feitos apenas para ele, involuntariamente uma nova geração é criada, mesmo que a Microsoft não queira isso.

--//--

A Microsoft tenta hoje elevar o conceito de ecossistema tecnológico como conhecemos, agora só o tempo dirá se isso vai funcionar ou não, e nessa altura tudo terá que ser devidamente bem encaixado, pois agora a pressa mais do que nunca, a inimiga mortal da perfeição.


 
 
 

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